A Campanha

A realidade de violência contra as mulheres é crescente e cada vez mais alarmante. Não precisamos ir muito longe para constatar isso. Aqui em Joinville, em Santa Catarina, essa violência ocorre no transporte público todos os dias no famoso zarcão. Nesse espaço há vários casos de assédios sexuais, passadas de mão, encoxadas, xavecos e, inclusive, situações em que homens ejaculam na roupa de passageiras. Isso tudo tem nome: assédio. E, sim, ainda acontece nos dias de hoje.

 

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Outra problemática que nos preocupa é que esses abusos sexuais sofridos no transporte público são ainda pouco denunciados, pois as mulheres que sofrem esse tipo de agressão sentem vergonha, temem os julgamentos e, geralmente, ao invés de serem reconhecidas como vítimas são responsabilizadas pela violência que sofreram.

As justificativas para os assédios são várias, mas sempre culpam a mulher. Ou porque estava “provocando”, estava no “lugar errado” e na “hora errada”, ou porque poderia ter pego outro ônibus menos lotado. Não podemos mais aceitar essas violências, frutos do machismo, nos culpando e abusando de nossos corpos todos os dias. A mulher não é, e nem nunca será a culpada pelos abusos que sofre, sejam eles físicos, morais, verbais ou psicológicos. Homem nenhum tem esse direito.

Os motivos que nos levaram a criar essa campanha são inúmeros: o machismo; a falta de investimentos dos governos municipais e federais para melhoria do transporte; e o descomprometimento da Prefeitura de Joinville e das empresas Transtusa e Gidion, concessionárias do transporte público em Joinville, são alguns deles. O comportamento omisso do poder público e das empresas reforçam ainda mais o machismo e a falta de prioridade e atenção a esse grande número de mulheres que sofrem com esse problema todos os dias.

Mulheres e homens trabalhadorxs são cotidianamente humilhados e desrespeitados quando vão ao trabalho ou voltam para casa, contudo, para as mulheres essa situação é ainda mais desesperadora porque, além do cansaço e do estresse que enfrentam no transporte coletivo, precisam se preocupar com o constrangimento e a agressão do abuso sexual.

Zarcão lotado não é justificativa para “encoxadores”, mas é um espaço que favorece esse tipo de prática. Precisamos exigir desses governos mais investimentos no transporte coletivo, que ele seja de fato público, tenha sua frota ampliada, e assim diminua o assédio sexual. Precisamos de transporte público 24 horas e iluminação dos pontos de ônibus, garantindo segurança para as mulheres.

Se você já sofreu algum tipo de assédio não se cale, denuncie aqui seu caso (utilize nome fictício se necessário). Vamos reunir o máximo de relatos possíveis e desnaturalizar o mito de que não existem assédios no transporte em nossa cidade.

* A Campanha Assédio Zero no Zarcão é organizada pelo Coletivo Mulher na Madrugada, Movimento Mulheres em Luta, Movimento Passe Livre, Sind Saúde, Sinte-SC e PSTU, com apoio do DCE (Diretório Central dos Estudantes) da Univille, do DCE Ielusc e do Calhev (Centro Acadêmico Livre de História Eunaldo Verdi).

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